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O MELHOR NATAL PARA TODOS


Plagiando descaradamente um comercial de televisão, me animo a dizer que, ante as dificuldades sanitárias e econômicas que vivemos desde março, o melhor Natal dos últimos tempos será o de 2020.

É fácil viver na riqueza, no pleno emprego, na saúde, na alegria, nas festas e nas saudáveis aglomerações de praias, aniversários, casamentos, formaturas e outros eventos absolutamente necessários para a manutenção de nossa vida física e mental. E, por ser fácil, nos esquecemos de como é importante realizar as mais singelas atividades como ir ao mercado, à padaria, abraçar os amigos, cantar, chorar e viver em sociedade.

Quando temos que ficar em casa o máximo possível, e uma parcela significativa da sociedade não tem como exercer seus empregos e atividades econômicas sem sair de casa, tomar ônibus, se aproximar de outras pessoas, quando vemos milhares de pessoas morrendo, muitas sem o devido tratamento médico pelo simples fato de que não há vagas em hospitais, é que sentimos como éramos felizes e não sabíamos.

Quantos Natais passaram em branco, sem encontros ou com caras feias e brigas bobas, quantos Natais transformamos em meras distribuições de presentes só porque essa é a tradição, quantos abraços deixamos de dar, quantos beijos e sorrisos ficaram reprimidos em constrangimentos totalmente desprovidos de justificativas fortes?

Agora, em 2020, quando não podemos nos abraçar e nos beijar, quando não podemos apertar mãos e sentir o calor humano do outro, quando temos que limitar ao mínimo o número de pessoas na ceia de Natal e ainda assim todos espalhados, com distanciamento físico, como se fossem inimigos, sentimos que estar vivos e separados é a melhor maneira de ficar juntos.

Ver os filhos, os netos, os amigos, os vizinhos queridos, à distância, talvez até através de chamadas de vídeo é tudo que nos resta para protegê-los. A única forma que temos de demonstrar carinho e interesse pelas pessoas que amamos é não chegar perto delas! Mas, vê-las vivas e com saúde é o melhor presente de Natal que poderíamos dar.

A pandemia, tenho certeza, nos fez melhor, porque nos mostrou como somos frágeis e como nossa vida é breve, que nossas riquezas materiais não nos salvam do vírus. Para ele todos somos iguais, ou seja, contamináveis.

Nesse Natal, o melhor dos últimos cem anos, espalhe carinho, simpatia e empatia, interesse genuíno pelos seus e por todos, pelas vítimas da Covid-19 e seus familiares.

Um presente é sempre bem vindo, mas a única coisa que peço é estar vivo e junto (quer dizer, distante) das pessoas que amo.

Acho que eu, e todos, merecemos ser felizes.

Feliz Melhor Natal de Todos para todos!

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João Marcos Adede y Castro

JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO é graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, sendo Mestre em Integração Latino Americana, pela mesma Universidade.

 

É doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade del Museo Social Argentino, e doutorando em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, ambas de Buenos Aires.  

 

Foi Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul por quase 30  anos, tendo exercido as atribuições de Promotor de Justiça Especializada de Defesa Comunitária, com atuação preponderante nas áreas de defesa do meio ambiente, interesses sociais e coletivos e improbidade administrativa. É Professor Universitário.

 

 É membro e  foi Presidente da Academia Santa-Mariense de Letras, ocupando a cadeira número 16, cujo patrono é o escritor e jurista  Darcy Azambuja. É advogado em Santa Maria, RS.

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