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Empatia, por favor!


Deus nos coloca permanentemente à prova, mas nem sempre nos damos conta disso, preferindo achar que é o acaso ou o destino.

Em situações de crise grave de pandemia, em que qualquer um pode ser atingido e morrer, em que nossa capacidade de entender e aceitar é posta minuto a minuto em dúvida, em que acompanhamos dia e noite casos de mortes e muito sofrimento causado por inimigo absolutamente invisível, é que devemos colocar em prática nossa adormecida empatia.

Empatia é a capacidade de nos colocar no lugar do outro, entender suas razões e, mesmo não as aceitando, tolerar e tentar não atrapalhar quando não podemos ajudar.

Não é o momento de discutir culpas desse país ou daquela pessoa, pois o foco é outro: salvar o máximo possível de vidas. Depois, a gente terá tempo de ver isso e sentar pau.

Não digam que estou protegido. Tenho 63 anos de idade e sou diabético, fui colocado no epicentro do caos. Espero que não, mas posso estar infectado nesse momento, apesar de não apresentar nenhum sintoma. No entanto, não acho que possa construir alguma coisa agora semeando pânico.

Não sou médico, não sou enfermeiro, não sou policial. Sou apenas um velho com relativa capacidade de escrever e com reduzida influência. Assim, mesmo reconhecendo minha insignificância social, tento não atrapalhar, não semear pânico.

Ao contrário, sei que o pior está por vir, mas se nos mantivermos unidos, pelo menos a maioria de nós sairá desse túnel escuro e apavorante viva e com capacidade de recomeçar.

Se voltarmos a olhar para o vizinho a quem não cumprimentamos há dois anos, ao mendigo que enxotamos de nossa porta e ao cãozinho de rua que apedrejamos com uma boa dose de empatia, cresceremos como seres humanos, ou, pelo menos, morreremos com dignidade.

Ou seja, se durante nossa vida vivemos isolados, mais preocupados com nossos problemas e desprezando a vida em sociedade, esse é o momento de inflexão, de quebra desse paradigma.

Como estou no grupo de risco, pouco posso materialmente fazer, por isso escrevo, oriento sobre o que sei, acalmo as pessoas, peço bom senso e semeio esperança.

Nesse momento, tudo que nos resta é obedecer às orientações das autoridades de saúde, acreditar e rezar.

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João Marcos Adede y Castro

JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO é graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, sendo Mestre em Integração Latino Americana, pela mesma Universidade.

 

É doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade del Museo Social Argentino, e doutorando em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, ambas de Buenos Aires.  

 

Foi Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul por quase 30  anos, tendo exercido as atribuições de Promotor de Justiça Especializada de Defesa Comunitária, com atuação preponderante nas áreas de defesa do meio ambiente, interesses sociais e coletivos e improbidade administrativa. É Professor Universitário.

 

 É membro e  foi Presidente da Academia Santa-Mariense de Letras, ocupando a cadeira número 16, cujo patrono é o escritor e jurista  Darcy Azambuja. É advogado em Santa Maria, RS.

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