O TEMPO
Costumamos, modernamente, associar o tempo ao ponteiro ou, mais modernamente ainda, aos relógios digitais dos celulares. Não importa, a não ser que falte carga na bateria, o tempo não para.
Mesmo que marcação do tempo pare no relógio de pulso com ponteiros ou o digital dos celulares, na verdade ele continua sua trajetória rumo ao desconhecido.
Assim, as consequências da passagem do tempo também vêm, quer queiramos ou não, quer controlemos ou não. Aliás, quem controla o tempo? Ninguém. Surgem aí as vitórias, os crescimentos pessoais, as rugas, os cabelos brancos, as fraquezas físicas e as doenças, assim como os músculos retesados e fortes, os diplomas de cursos concluídos, a vida e a morte. Somos escravos do tempo, dominados por ele, mesmo quando gostamos de imaginar que o domamos. Não queremos ficar velhos, mas buscamos incessantemente medicamentos e técnicas novas de manutenção da vida.
Não nos resta outro remédio senão viver o melhor que conseguimos, o mais saudável, o mais inteligente, o mais escolado e descolado, o mais resistente e esperto que pudermos. Até que a morte nos encontre. Então, não adianta correr, ele nos pega.
Se estacionarmos, ele nos pega.
O lance, então, é encontrar o ritmo certo, a velocidade adequada, e acreditar que é possível viver bem, no tempo certo. Respeitar nossos amigos e tentar conviver com nossos inimigos.
Cheguei a dizer que, tendo cinco filhos, quatro segurariam as alças do caixão e um quinto iria à frente, chorando minha morte. E isso me bastava. Hoje não sonho com uma multidão em meu velório e enterro, mas ficaria muito decepcionado se lá estivessem menos de vinte pessoas e não fosse publicado uma notinha no rodapé de algum jornal.
Mas, isso só tempo há de mostrar, e talvez eu não fique sabendo se tudo deu certo ou tudo deu errado.
Tempo, tempo, tempo.
Fazer o quê se não te controlamos?
Viver!