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MINHA NETA LEVOU-ME AO CINEMA


Nada contra o cinema, mas prefiro ficar três meses lendo um livro do que uma hora e meia assistindo a um filme.

Dessa forma, não lembro quando fui a última vez ao cinema.

Mas, que safadinha, minha netinha Alícia conseguiu me levar ao cinema nesse fim de semana para assistir à um filme de desenho animado, pode isso?

Primeiro fizemos um lanche, depois cinema e, para encerrar a tarde, um sorvete. Lá encontrei uma amiga, vovó babona como eu, andando naqueles bichinhos de pelúcia, na companhia da linda netinha, toda feliz.

Amo minha netinha, querida! Linda, educada, carinhosa.

Quando os filhos saem de casa, o ninho fica vazio. A casa parece pequena para os filhos espaçosos, barulhentos e sempre presentes. Quando eles vão embora, construir sua própria vida, a menor casa fica enorme, vazia, fria e triste.

Mas, um dia os filhos voltam, com os netos a tiracolo. Enchem a casa, de novo, com conversas, risos, brigas e abraços, aquecendo os corredores frios.

A síndrome do ninho vazio machuca o peito e enche os olhos de lágrimas, e o retorno dos filhos com filhos nos faz acreditar que somos importantes, que ainda estamos vivos e que temos função.

Tento me manter ocupado com a Academia, com a escrita, com o escritório de advocacia, com a participação em programa de rádio, com palestras e outros eventos, para criar a ilusão que ainda sirvo para alguma coisa.

Dessa forma, quando os netos convidam a gente para ir ao cinema, comer uma pipoca, tomar um sorvete e assistir um filme barulhento de desenho animado (é assim que se chama?), e, pior, gostamos, é porque estamos vivos!

Descobri que minha aversão ao cinema é coisa de velho pretensioso, que acha que sabe que a leitura é a única forma de cultura, quanta bobagem.

Foi uma tarde deliciosa, Alícia.

Vovô te ama.

Obrigado por me mostrar que sou importante.

Beijos.


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João Marcos Adede y Castro

JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO é graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, sendo Mestre em Integração Latino Americana, pela mesma Universidade.

 

É doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade del Museo Social Argentino, e doutorando em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, ambas de Buenos Aires.  

 

Foi Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul por quase 30  anos, tendo exercido as atribuições de Promotor de Justiça Especializada de Defesa Comunitária, com atuação preponderante nas áreas de defesa do meio ambiente, interesses sociais e coletivos e improbidade administrativa. É Professor Universitário.

 

 É membro e  foi Presidente da Academia Santa-Mariense de Letras, ocupando a cadeira número 16, cujo patrono é o escritor e jurista  Darcy Azambuja. É advogado em Santa Maria, RS.

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